sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Abismo


No abismo em que vivo
Não há luz
A esperança se esvai
E o vazio perdura

O frio aquece a dor
De um futuro que não chega
Que jaz num infinito
Que corrói a carne
E perfura a alma

No abismo em que vivo
Há cinzas por todo lado
Há candelabros e sombras o tempo inteiro
Há cheiro de rosas vermelhas, que derretem ao incandescer,
Das luzes das velas.

No abismo em que vivo
Há cheiros, há cheiros...
De desilusão

terça-feira, 29 de julho de 2008

Eu pensava que sabia o que era amar...


Ao brotar estupefato, encantado, com o encanto, com o canto, com o conto, que a vida traz agente.
Pensava que amar: era adormecer no mais tênue orgasmo esvaecido.
Pensava que amar: era vislumbrar o pôr-do-sol e ver a mais pura eternidade.
Eu pensava que amar era amar, amar, amar...

Eu não sabia que amar: era adoecer constante a alma.
É morrer de dor de alento, acalentado pelo esplêndido momento de ternura.
Eu não sabia que amar: é anestesiar por um momento a vida.
É morrer por dentro.
É ferir...
É ferir-se...
Sem razão, sem lucidez, jogado a própria sorte ao amor.
Sem saber o que é amar, amar, amar...






Evandro Pantoja

domingo, 6 de julho de 2008

Admirável homem novo

Aldous Huxcley, escritor inglês, narra em seu livro, ‘O Admirável Mundo Novo’(1932), um futuro hipotético, onde as pessoas são pré-condicionadas biologicamente e condicionadas psicologicamente a viverem em harmonia com leis e regras sociais, dentro de uma sociedade organizada por castas; sem ética religiosa e valores morais, que regem a sociedade atual. Mais tarde, retoma o assunto em outro livro, intitulado: ‘O retorno ao Admirável Mundo Novo’. O ensaio demonstra várias ‘profecias’, dentre elas: a realização das vontades dos homens, graças ao ‘progresso’ científico da sociedade, no que diz respeito à manipulação de suas vontades.

A ‘profecia’ de Huxcley, feita há 78 anos, nos lembra muito, em parte, à época em que vivemos. A natureza dos homens parece estar se satisfazendo, graças a este ‘progresso’ tecnológico, iniciado, há anos, e que se reforça, atualmente, através do aperfeiçoamento de tecnologias já existentes como, por exemplo, o computador e o celular; e a criação de novas, como o mp3, o I pod, etc. Os aparelhos tecnológicos, incontestavelmente, fazem parte de nossas vidas, e ganham espaço considerável, cada vez mais, na sociedade contemporânea. Saber lidar com estes objetos, e outros milhares, é indispensável!

Acordamos respirando tecnologia: na escola, no trabalho, em casa; em cada esquina observamos alguém com fones no ouvido, celulares, palm tops, chips em catracas de ônibus, portas eletrônicas em prédios, viva voz...

O vertiginoso campo tecnológico e seu crescimento acelerado, nos torna em seres humanos cada vez mais dependente da tecnologia, multitarefas. Acessamos à Internet comendo, ouvindo música, e, assistindo TV, tudo ao mesmo tempo. A ciência e seus produtos tecnológicos ganharam grande importância na sociedade comtemporânea. A tecnologia chegou a dominar os seres humanos, de tal maneira , que mesmo que intuitivamente não conseguimos nos distanciar dela, ela estar em todo lugar, é onipresente.

Se antes conseguiamos ficar sem celulares, computadores, etc. Hoje, este distanciamento, parece suicídio. Atentar para as grandes modificações que a sociedade vem passando: é perceber que o homem se tornará, cada vez mais, dependente de tais tecnologias; e quem se mostrar apático frente a esta realidade, poderá ter sua ‘morte’ decretada, seja no campo profissional, ou mesmo, pessoal.

Texto: Evandro Pantoja

domingo, 15 de junho de 2008

Faculdades de Jornalismo: fábrica de estrelas?

A cada ano, cerca de 120 instituições de ensino de jornalismo, espalhadas por todo Brasil, despacham ao mercado de trabalho cerca de *5.000 mil jornalistas recém-formados. Destes, um pequeno percentual, a maioria jovens, são absorvidos pelos grandes conglomerados jornalísticos. O que pra muitos é um sonho, já que é fácil encontrar nos corredores das faculdades de jornalismo estudantes relatando futuras experiências de emprego, nas mais renomadas empresas jornalísticas como um grande correspondente internacional, ou ainda, um respeitado apresentador de telejornal. A natureza da profissão coloca o jornalista, dia-a-dia, frente aos principais acontecimentos e perto dos grandes atores sociais que constituem a sociedade, fazendo com que este profissional permeie por diferentes campos da camada social, alcançando um grande grau de reconhecimento e respeito de toda a sociedade. Talvez, este reconhecimento e o 'glamour' que proporciona a profissão fazem com que muitos estudantes de jornalismo, fiquem tão fascinados por esta área; sem contar na bajulação, o assédio de empresários e anunciantes, os convites para grandes eventos e simplesmente, estar nas colunas sociais dos grandes jornais; ajude a tornar a profissão e ser vista por muitos estudantes de jornalimso como uma profissão de glamour e cheia de estrelismo. A tevê, neste caso, por seu poder imagético e encantador; é o local mais apropriado, para muitos que, de fato, almejam se tornar num grande espetáculo da mídia.


São poucos, e cada vez mais escassos, os estudantes que vestem a camisa da profissão, preocupados, de fato, com o social, e que realmente levam a sério este ‘oficio’. Muitos, nem sequer, sabem ao certo, e tem a noção, do que é o fazer jornalístico. Já diriam alguns o ‘quarto poder’. O mais preocupante é o crescimento vertiginoso das faculdades de jornalismo, em todo Brasil, sobretudo, particulares, preocupadas apenas com o lucro, formando milhares de apresentadores robotizados de telejornais, que se acham verdadeiras estrelas midiáticas. Não entendem, que fazer jornalismo, é muito mais do que ser um mero apresentador de telejornal: é transformar a sociedade, é cumprir com papel de interlocutor, de verdadeiro transformador social, que realmente somos. O mais preocupante é que muitas empresas jornalísticas, muitas vezes, ligadas à faculdades, estimulam ou reforçam esse desejo nos estudantes, que além de absorver mão-de-obra barata, ajudam a transformar a profissão num verdadeiro 'balcão de negócios', como diria Lúcio Flávio Pinto. Muitas faculdades investem pesado em equipamentos tecnológicos, grandes e milionários laboratórios de comunicação, e esquecem do mais importante: o fator humano e ético do futuro jornalista. Pouco se vê, a preocupação com a pesquisa; com a humanização, com a intelectualidade; e a crítica dos futuros formadores de opinião. Por mais que a técnica seja importante para o exercício da profissão, o conteúdo de um profissional é necessário e importantissímo; porque é ele, que futuramente, irá trabalhar com os possíveis acontecimentos que poderão transformar e influenciar a vida de uma comunidade, de um país, ou até do mundo, além de fazer o embate para uma sociedade mais democrática. Neste quesito, às faculdades de jornalismo estão longe de apresentar um profissional humanizado, ficando a cargo de cada futuro profissional se conscientizar deste fato. Enquanto pensarmos que a profissão de jornalista é puro e simples glamour, quem perde, somos nós, e a sociedade, que está carente de verdadeiros defensores. Sendo este, dentre outros, o verdadeiro papel do jornalista.


Texto: Evandro Pantoja
* Fonte: Federação Nacional dos Jornalistas - Fenaj

sábado, 10 de maio de 2008

DEMÊNCIA DO EGO

ESSA GENTE DOENTE
QUE PENSA QUE É GENTE
QUE NO ORGULHO SE FUNDE
E SE DEMENTE

A ALTIVEZ O REDUZ
EM INCRÉDULO E PÚS
QUE PENSA QUE PODE
O QUE NÃO É...

TÃO FRACO
TÃO TOLO
TÃO TOSCO
E FUGAZ...

FOGE DE SI
E DO OUTRO
E DA REALIDADE
QUE O COMPRAZ

QUE INFAME E NÚTIL
QUE POR PENSAR TER TUDO
NÃO TEM QUASE NADA
E NO NADA SE FAZ!

EVANDRO PANTOJA

segunda-feira, 21 de abril de 2008

A ‘desgraça’ que nutre!

Era antes de tudo, um bom moço, de sonhos intensos e alma escancarada. Um sonhador a qualquer custo, de boas idéias e grandes ideais. Imaginara um certo dia em ser feliz, - e nada mais, - já não se interessava pelas coisas simbólicas e materiais da vida: pensava os bons momentos, os locais, as pessoas... Contava-lhe de seus desejos a todos. Tinha muitos planos. Abrira caminhos para muitas pessoas, com seus projetos entusiastas; e também abrira sensações e percepções da vida. Para muitos era um tanto desvanecido, desmiolado; para ele, a verdadeira alma de homem simples, ajustado aos procedimentos da vida.
Durante muito tempo lutara para realizar seus desejos; - mas parece que tudo nesta vida, quanto mais se há de querer, mais se há de lutar! O que antes pensara em tornar realidade, via a cada dia, mais longe e mais cruel, e quão remota era a possibilidade; o desespero ia crescendo.
As relações familiares já não eram mais as mesmas, quanto a de menino empolgado, nos seus 15 anos de idade. As amizades, as relações amorosas...Tudo era devaneio. O que antes imaginara e confiara a qualquer um ser, via que ao longo dos tempos tinha de ser diferente e indiferente. Conhecera, a partir dai, a vida: nua, dura e crua; o ser humano dissimulado, incompleto, egoísta, ‘irracional’. Mas aprendera uma lição: jamais confiar nos seres humanos ’racionais’. Porém, estas situações o fustigava a sonhar e a lutar cada vez mais, - mesmo que por muitas vezes sentindo-se só, - ou não... (debruçava-se sempre entre os livros e libertava sua mente). Para muitos, estas poucas linhas acima, denotam traços de uma estória pessimista, de lamentações. Para mim, mais uma etapa da vida!


Evandro Pantoja.