quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

FAMILIA DE FUZILEIRO MORTO EM BELÉM AINDA CLAMA POR JUSTIÇA

Evandro Pantoja,
Belém Pará

O que era, apenas, para ser um simples treinamento militar, acabou se tornando em morte.

O fuzileiro naval Marcelo Magno Alves de Almeida, 19 anos, participava do curso ‘Expedito de Operações Ribeirinhas’ no Centro de Instrução Almirante Brás de Aguiar (Ciaba) juntamente com cerca de 40 fuzileiros, no último dia 30 de março deste ano.

Os fuzileiros, depois de uma corrida, seguiram em um caminhão para o Ciaba, onde fizeram natação. Todos usavam uniformes camuflados de selva, fuzil e uma mochila nas costas com cerca de 25 quilos.

No segundo período de treinamento denominado de ‘permanência’, quando todos ficam boiando parados dentro da piscina,Marcelo sentiu-se mal, estava muito cansado e pediu para sair da piscina, mas não lhe foi permitido. Mesmo exausto o soldado foi obrigado por instrutores a ficar dentro da água e continuar a segunda etapa do treinamento.

O grupo então teria iniciado o chamado ‘caldo’, empurrando Magno para baixo da água pelos ombros. Um sargento então teria pedido aos instrutores e aos cabos que parassem e não submetessem o soldado ao ‘caldo’.

Os quatro obedeceram à ordem, mas como era madrugada e o sargento havia se afastado do local, os cabos e os soldados teriam reiniciado o ‘caldo’, puxando Magno para o fundo pela ‘gandola’, uniforme usado para treinamento, e também pela perna calça, seguidas vezes até ficar totalmente submerso pela água.

Percebendo que o fuzileiro não voltou à tona, os quatro mergulharam e trouxeram o soldado para cima da água. Mas era tarde demais, Marcelo já estava morto.

Segundo contam os familiares, e outros colegas do fuzileiro, que não podem ser identificados por motivos de represálias da Marinha, Marcelo já estava sentindo-se mal desde a primeira etapa de treinamento. Testemunhas afirmam que os instrutores responsáveis pela morte do soldado, seriam os cabos Cláudio e A.Freitas e os soldados Gedilson e Alves.


O Instituto Médico legal Renato Chaves, fez a necropsia e revelou que o fuzileiro morreu após sofrer dilatação do coração como resultado do esforço físico. Segundo o laudo do IML, se a corporação tivesse feito os exames cardiológicos a morte do soldado poderia ter sido evitada.
A falta de ambulância no local teria impedido o salvamento de Marcelo.

Comovidos pela dor da perda de um filho que sonhava em fazer parte das forças armadas do Brasil e pela impunidade. Os Pais de Marcelo Magno, Moisés Pereira Almeida e Eucíria Alves junto de amigos e familiares, participaram da Manifestação do 12ª Grito dos Excluídos, no último dia 7 de setembro, em Belém, onde leram uma carta Manifesto em defesa da vida e da justiça em campanha pela condenação dos responsáveis da morte de Marcelo Magno. ‘ Estamos lutando contra uma poderosa instituição, mesmo assim, ainda temos fé e esperamos ver os verdadeiros responsáveis presos, desabafou o pai, Moisés Almeida.

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